quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Em terra de cegos..quem tem olho é rei.

Como vocês já se devem ter apercebido, não tenho tido tempo para grandes conversas. A verdade é que o ritmo de trabalho aqui é alguma coisa de alucinante, pelo menos enquanto eu não entrar no esquema e deixar de sentir que tenho tudo atrasado.

Uns pormenores rápidos sobre o meu trabalhinho, sou neste momento o director de obra de dois edifícios aqui na base da Angola LNG, um deles é o menino dos olhos da fiscalização americana, pois é onde futuramente vai ser a central de controlo da refinaria, e tem de estar pronto daqui a uns 5 ou 6 meses..ou seja, tenho os americanos em cima de mim a todo o momento..começo a odiar americanos sabem?

A parte boa é que o tal edifício vai ter mesmo que estar pronto daqui a uns meses, e depois posso baldar-me e mandar o Soyo dar uma volta, ou vou eu dar uma volta e deixo o Soyo no sítio. Parece mais fácil de aguentar quando há prazos não acham? Hoje o chefe do chefe do chefe do chefe, que veio fazer uma visitinha de Portugal viu-me aqui, vira-se pra mim  e diz “e você que não queria mesmo vir pro Soyo quando tava em Portugal..” a rir-se.. muito engraçado..

Adiante.. o trabalhinho é sempre a andar, a casa não é má (depois ponho praqui umas fotos, ainda não tirei..), carro ainda não tenho, mas acho que consegui finalmente resgatar o meu fiel companheiro de Luanda e que virá pra cima nos próximos dias. Hoje tive a formação que me permitirá andar de carro aqui dentro da base..tudo a encaminhar-se.

Agora o momento cultural deste post, como vocês podem imaginar, a criação desta base está a mexer muito com o Soyo, que até há uns anos seria uma terra esquecida por todos, está neste momento em crescimento (não muito porém..).

Há aqui muitos trabalhadores locais que até há uns meses atrás pouco conheciam da civilização ocidental, e ainda menos dos nossos métodos e materiais de construção. Há um material de construção, muito usado em Portugal, para isolamentos térmicos, chamado Lã-de-rocha, que para os menos familiarizados, assim ao longe tem um aspecto relativamente fofinho, quase parecido com algodão amarelo, mas em contacto com a pele dá uma irritação que é qualquer coisa de desesperante.

Aqui na base, as casas de banho geralmente são desprovidas de papel higiénico, e aqueles molhinhos de “algodão” são tão apetecíveis que um inteligente qualquer teve a infeliz ideia de roubar um bocado para realizar a sua higiene..

Acho que os berros se ouviram pelo Soyo todo..

(aguentando-me..*)

3 comentários:

  1. A minha letura do teu blog já está em dia... e cada vez mais fica a sensação de admiração (e inveja...) O que tu já viste e viveste é muito mais que o "normal" da vida quotidiana, e enquanto eu ando por aqui com os dilemas triviais do dia a dia tu enriqueces-te a todos os níveis e a cada momento. (infelizmente) não nos conhecemos assim tão bem, mas o que vou descobrindo é suficiente para te achar 5*****, amigo, humano, inteligente e corajoso. Assim, continua a tua aventura, uma pequena parte de mim adoraria vive-la também!

    "-Até onde poderei ir a partir daqui?
    - Isso depende de até onde queres chegar"

    Miss u
    Miss talking to u

    ResponderEliminar
  2. epa.... olha a ultima parte he q foi msmo hilaria!!! devias ter filmado a cena!! hehehe Neusa Rocas p.s pra n pensares q sou eu q escrevi a parte de cima lol

    ResponderEliminar
  3. não sei há assim grandes razões para gostar dos Americanos tb...agora começa a parecer que estás mesmo a trabalhar..começo a ter pena de ti

    PS: qq dia limpam-se aí ao Poliestireno expandido !!!

    ResponderEliminar